PSOL ELEGE NOVA PRESIDENTA NA CIDADE DO AÇO
- Osmar Neves Souza
- 24 de mar.
- 3 min de leitura
Isabela Marques vai conduzir a direção legenda até o ano de 2028
Fotos: Divulgação

Após um conturbado debate durante o Congresso Municipal para a escolha da nova direção do Diretório Municipal de Volta Redonda, parte dos filiados do Partido da Solidariedade e Liberdade (PSOL) definiram, por 31 a 21, que a assistente social, Isabela da Cruz Bastos Marques Chaves, vai conduzir a legenda até o ano de 2028, em substituição à ex-presidente, Adriana Bittencourt, a Drica. Os debates para escolha de uma tese (direcionamento do partido no município) ocorreram na primeira quinzena do mês de março, na Câmara Municipal, e contou com a presença de aproximadamente 120 pessoas, entre elas o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ).
Participaram de Congresso as seguintes correntes de Psol-VR: Subverta, Campo Socialista, Maloka Socialista, Insurgência e Insurgência Reconstrução Democrática.
No relatório do Congresso, divulgado por membros da legenda, ficou claro a divergência de grupos internos e a disputa por posicionamento de algumas correntes políticas. No entanto, o resultado durante a votação para aprovação das teses deixou claro que o PSOL-VR buscará coesão e firmeza nas posições com vistas às próximas eleições.
A ex-presidente do diretório municipal fez os primeiros informes para os filiados. Drica começou lendo um poema do Bertolt Brecht “Perguntas de um operário que lê”, e fez uma reflexão a respeito da não garantia de direitos para a população em geral, apontando causas e efeitos da crise climática. Ela salientou "que há tanto a se fazer lá fora enquanto os problemas internos do partido estão sendo vazados para mídia", disse Drica.
Ela aproveitou para reverenciar a memória da Marielle Franco, lembrando da trajetória da militante e pregou a união.
Outros integrantes da legenda, ligados a corrente denominada 'Subverta', fizeram menção aos momentos difíceis na conjuntura, especificamente no que diz respeito ao avanço da extrema direita, reafirmando que esse segmento político não está mais personificado em Jair Bolsonaro (ex-presidente da República), e por isso, defendeu o fortalecimento de todos os diretórios do partido, inclusive no interior do estado.

NA LUTA: Isa Marques vai dirigir o PSOL-VR pelos próximos três anos
HISTÓRICO - Isabela da Cruz Santos Marques Chaves, a Isa Marques, tem uma representação que corrobora com suas lutas. Mulher, mãe, preta retinta, nascida em um bairro operário de Volta Redonda, mãe de 3 filhas e casada, Isabela da Cruz Santos Marques Chaves, a Isa Marques carrega em sua existência a marca da resistência. Sua militância, iniciada ao nascer em um mundo atravessado pelo racismo e pela desigualdade.
Foi organizando suas lutas nas pastorais eclesiais de base da Igreja Católica– no antigo Setor 1, hoje Paróquia São Paulo Apóstolo –, espaço que historicamente formou lideranças comprometidas com direitos humanos e emancipação social.
Graduada em Serviço Social pela primeira turma do UNIFOA, Isa Marques construiu uma trajetória profissional indissociável de sua militância. Com mais de 20 anos de experiência, dedicou-se a políticas públicas para crianças e adolescentes, atuando em pesquisas sociais que subsidiaram programas de assistência em cidades como Mendes e Porto Real. Seus diagnósticos sobre violência doméstica contra crianças e jovens em Volta Redonda tornaram-se referência para ações intersetoriais de proteção.
Atualmente, integra o Plano Integrado de Saúde das Favelas da Fiocruz, iniciativa que busca garantir acesso à saúde em favelas do estado do Rio (primeira iniciativa do Brasil a inserir mais de R$ 20 mi para a garantia da promoção de saúde integral). Além disso, está coordenando o Movimento Negro Unificado (MNU) no Sul Fluminense e integra o Conselho Municipal de Políticas Públicas de Igualdade Racial (COMUPPIR), consolidando uma trajetória que une expertise técnica e compromisso antirracista.
COLETIVIDADE - Eleita presidente do PSOL-VR, Isa Marques defende a unidade do partido, como ferramenta para organizar as lutas populares. “Nosso desafio é fortalecer a articulação entre movimentos sociais, periferias e instituições, combatendo o racismo estrutural, a violência de gênero e a falta de acesso a direitos básicos, como saúde, assistência e moradia, além de obviamente, direito a cidade. Digo isso porque, com uma passagem a R$ 5,50, fica dificil de qualquer pessoa que depende de transporte público, ir trabalhar ou mesmo usufruir de bens e serviços da cidade. O povo tem direito a cidade”, afirma.
Sua proposta inclui, além de uma sede para o partido, a criação de fóruns permanentes de diálogo com a base militante e a priorização de pautas que ampliem a representatividade de mulheres negras na política.
RESISTÊNCIA - Da infância nas pastorais à liderança partidária, a vida de Isa Marques é um testemunho de como profissão e militância podem convergir na construção de um projeto de sociedade mais justo. “Nasci militante por necessidade, mas permaneço militante por escolha. Cada espaço que ocupo é uma trincheira de luta”, resume.
Comments