PROFESSOR DA FEVRE USA 'TRIBUNA LIVRE' E DEFENDE MANUTENÇÃO DO ENSINO MÉDIO
Fotos: Gazeta dos Bairros
O princípio da democracia plena foi respeitado pela Câmara Municipal de Volta Redonda, na pessoa do presidente Nilton Alves de Faria, o Neném (DEM), e dos demais 18 parlamentares presentes na sessão ordinária da noite de terça-feira (17/08). Eles autorizaram o uso da 'Tribuna Livre' pelo professor da disciplina de História, da Fundação Educacional de Volta Redonda (Fevre), Carlos Henrique Magalhães Costa, para questionar o governo municipal e os próprios parlamentares sobre qual a realidade da economia financeira nos cofres públicos para que seja implementado o fim da oferta de novas matrículas para o Ensino Médio nas escolas da Fundação?
De acordo com o professor Carlos Costa, o Colégio Delce Horta Delgado (considerado como a melhor escola pública do Sul Fluminense, há 18 anos), tem obtido destaque quando o assunto é aprovação no Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM). "Os alunos deste colégio conseguem resultados, que dadas as diferenças de recursos, não fica a dever nada à rede particular, uma vez que eles, como cotistas, terão condições plenas de concretizarem o sonho de acesso à universidade federal. Ajudem-nos a continuar permitindo que o filho do operário, do pedreiro e da empregada doméstica alcancem o ensino superior público federal", pediu Carlos aos parlamentares e ao governo municipal.
Os professores, alunos e pais de alunos da Fevre redigiram uma carta com abaixo assinado virtual denominado "Pela Manutenção do Ensino Médio na Fevre", e também direcionaram aos vereadores e ao governo municipal. O documento virtual já obteve 869 assinaturas, por intermédio do link: https://secure.avaaz.org/community_petitions/po/senhor_prefeito_antonio_francisco_neto_pela_manutencao_do_ensino_medio_na_fevre/?feDMYob&fbclid=IwAR08vYmOdVdfytf81NlaybiuahAvnhjKxHXdNKwLblz6zj-r7mI6LMJ8InA.
Conforme dados apresentados pelo professor, o ensino médio da Fevre, até o início de 2021, era formado por 18 turmas. "Nos causa perplexidade ouvir que o município não tem recursos para mantê-las. Gostaríamos muito que o atual governo viesse a público para dizer o quanto será economizado pelos cofres municipais com o fim do ensino médio, que tão relevantes serviços têm prestado há décadas, às gerações dessa cidade", questionou Carlos Costa.
Ele explicou ainda que num ranking de aproximadamente 5 mil escolas municipais do ensino médio pelo Brasil, o Colégio Delce Horta Delgado ocupava o 5º lugar em desempenho acadêmico, no ano de 2014. "O Fórum Municipal de Educação de Volta Redonda, realizado em 2013, votou pela manutenção do ensino médio na Fundação, face aos relevantes serviços prestados à educação no município. sendo aventada ainda a sua ampliação. Alunos da Fevre são destaque em cursos da Universidade Federal Fluminense (UFF), localizada aqui na cidade. E tem mais, Os alunos da Fevre, por serem mantidos com os recursos públicos municipais, podem concorrer no Enem, como cotistas e, devido à excelência do ensino mantido pela instituição, alcançam, via de regra, aprovação nos vestibulares de prestigiosas universidades públicas e privadas", finalizou o professor Carlos Henrique Magalhães Costa.
A presença e a fala do professor Carlos Costa na Tribuna Livre da CMVR contou com o apoio de integrantes do grupo denominado de 'Cadeira 22', formado por professores, sindicalistas, e demais integrantes da comunidade, entre os quais a ex-vereadora e dirigente do Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino de Volta Redonda (SEPE-VR), Maria das Dores Mota, a Dodora.
Foto: Facebook
OFICIAL - O presidente da Comissão Permanente de Saúde e Educação da Câmara Municipal, vereador Jari Oliveira (PSB), bem como o relator da mesma, vereador Sidney Teixeira, o Dinho (Patriota), foram enfáticos ao se comprometerem em levar as preocupações da comunidade educacional da Fevre ao Poder Executivo. "Vamos oficializar, por meio de ofício da comissão, os questionamentos que Vossa Senhoria nos direciona, ao chefe da administração municipal. Queremos conhecer o processo em curso e como poderíamos recuar nesse propósito de pôr fim ao Ensino Médio na Fundação", disse Sidney Dinho, que recebeu apoio de Jari Oliveira, do vereador Paulo Conrado, membro da comissão, bem como dos demais 16 vereadores que participaram da sessão de terça-feira.
Ao final da sessão, o vereador Rodrigo Furtado (PSC) disse à reportagem do Portal Gazeta dos Bairros que "não compreende os motivos pelo qual o governo deseja deixar de oferecer o ensino médio aos jovens da cidade?"
- Ainda fico sem entender como que, mesmo em plena semana da juventude, o governo ainda não revogou a lei que acaba com o ensino médio na Fevre. Não concordo em fechar turmas em hipótese alguma, menos ainda, em tempos de pandemia. A Fevre é uma instituição cinquentenária e com excelentes alunos, os quais que serão excelentes profissionais futuramente. Quem fecha escolas, abre prisões", criticou o parlamentar. Veja abaixo a carta direcionada aos parlamentares e ao governo municipal de Volta Redonda:
CARTA ENDEREÇADA AOS VEREADORES, EM DEFESA DO ENSINO MÉDIO DA FEVRE E AO EXECUTIVO MUNICIPAL
"No final de janeiro último, toda a comunidade educacional da cidade, foi surpreendida com uma decisão monocrática do prefeito municipal, cancelando a realização de prova de admissão para o Ensino Médio da FEVRE, pegando de surpresa centenas de famílias cujos filhos se prepararam e se inscreveram para o concurso. O mais cruel e lamentável, é que a medida por si só, decreta o fim do Ensino Médio mantido há décadas por essa renomada instituição educacional da cidade, a partir de 2023. O Ensino Médio da FEVRE, até o início desse ano, era formado por apenas 18 turmas e nos causa perplexidade ouvir que o município não tem recursos para mantê-las.
Gostaríamos muito que a atual administração viesse a público para dizer o quanto será economizado pelos cofres municipais, com o fim do Ensino Médio que tão relevantes serviços tem prestado há décadas, às gerações dessa cidade. Dessa forma, por entendermos que o Ensino Médio da Fundação Educacional de Volta Redonda, como ao longo de sua história, continua prestando relevantes serviços à coletividade, bem como pelo fato, de que sua manutenção não é vedada por lei, é que solicitamos que essa egrégia casa, se sensibilize e se una a nós, para evitarmos o fechamento de mais um espaço educacional para nossa juventude, num momento de tão grave crise e precarização do mercado de trabalho nacional".
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