OPINIÃO: URBANISMO E EVOLUÇÃO DAS CIDADES
RONALDO ALVES*
O QUE É URBANISMO – COMO ENTENDER?
O conceito de Urbanismo transcende à situação atual das cidades no mundo moderno pois, como tudo na vida, existe um começo. Assim, o primeiro questionamento é: QUANDO COMEÇA NA HUMANIDADE O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO? Uma pergunta que pode ser feita aos alunos de arquitetura e Urbanismo, assim que começam a estudar Planejamento Urbano e, quase sempre, poucos conseguem dar a resposta mais exata.
Precisamos voltar no tempo para entender a questão, mas muito tempo mesmo. Ao tempo das sociedades humanas saídas das cavernas e que deram início à exploração e cultivo da terra, em diversos pontos do globo terrestre.
A partir do momento em que sua produção ou plantio, normalmente feitos para a subsistência da família e da comunidade local, começava a apresentar sobras, ou excessos de produção, que passavam a incomodar ou lotar seus depósitos, sentiram a necessidade de usar aquelas sobras para promover trocas com as comunidades vizinhas ou mais próximas de seus domínios, por produtos que não tinham.
Nesse momento se inicia o PROCESSO DE URBANIZAÇÃO!... PORQUE?
É simples. Essas idas e vindas sem dúvidas começaram a definir um roteiro ou caminho, causando um sem número de eventos que passaram a permear nesses caminhos, tais como: pontos de parada para descanso, pontos de encontro intermediários para trocas com outros interessados, que passaram a conhecer e ter seus produtos ofertados também nas trocas. Nos pontos finais das viagens de troca, dependendo da distância, ocorreram aparecer locais de descanso permitidos e/ou oferecidos pelos permutantes locais. Dependendo do produto, iam sendo criados, junto aos visitados, pontos de oferta e trocas por outros produtos locais. E assim por diante.
A compreensão desse fenômeno nos permite definir que o principal fator que move o processo de urbanização: é a ECONOMIA. A Urbanização anda a reboque da Economia.
Se a economia vai bem, a URBIS (cidade) vai bem.
Através da Economia da Cidade, surgem os empregos, crescem as instituições, faz-se circulação e transporte de bens e produtos, multiplicam-se os meios de produção, surgem e crescem as formas de habitar, trabalhar, recrear, abastecer, enfim, relacionamento de uma forma geral entre as pessoas e as mais diversas instituições.
Imaginem a evolução disso ao longo da história antiga na Babilônia, no Egito, na idade média, na revolução industrial, enfim, nos tempos modernos que criaram as grandes cidades e metrópoles ao redor do mundo.
Para uma cidade harmonizar esses diversos fatores decorrentes da economia e os de interesse humano, é preciso que essas funções estejam bem distribuídas e assistidas. As divisões das cidades em bairros, regiões, núcleos, áreas exclusivas, áreas mistas e áreas de preservação ou uso para esportes e lazer, carecem da medida de consciência que cada habitante tem. Individualmente ou coletivamente. A organização ou transformação da cidade, feita com a participação direta do cidadão que nela vive ou possui território capaz de permitir sua expansão ordenada, cada vez mais se impõe em vista da diversidade de evolução do modo de vida e dos meios de produção, com mais tecnologia e menos improviso.
Cada vez mais se impõe garantir uma Função Social para cada propriedade existente no contexto urbano, evitando que atendam a interesses diversos daquilo que a sociedade necessita. Por exemplo, numa área habitacional só serão admitidas funções sociais que atendam aquilo que um Plano Diretor elaborado com a participação efetiva da comunidade, definiu possível ou permitido.
Essas definições têm de ser bastante racionais, a ponto de permitir acolher os avanços tecnológicos e os processos de vida em constante mutação. Exemplo disso é a taxa de habitantes por km2 que poderá definir um maior ou menor adensamento da área em discussão no Plano Diretor.
Outra questão é o alto custo da infraestrutura na cidade. Água, Esgotos, águas pluviais, energia elétrica, transporte coletivo, abastecimento, atendimento de saúde e educação. Adensar a cidade onde possível, evitando levar mais infraestrutura para as periferias não urbanizadas, evita um alto custo para a administração pública. Não esquecendo que abrir moradias longe dos centros urbanos, define necessidades de serviços de apoio, tais como transporte público, serviços domésticos, abastecimento de mercados, farmácias, padarias, manutenção de serviços de água e esgotos, etc.
Assim chegamos da era das trocas do excesso de produção, à era da alta tecnologia e serviços home office, definindo novos modos de viver e relacionar. Neste espaço da Gazeta dos Bairros, ao qual muito me orgulha participar, estarei sempre oferecendo um pouquinho da nossa experiência e visão do PROCESSO DE URBANIZAÇÃO nas cidades que vivemos.
* Ronaldo Alves é Arquiteto e Urbanista, diplomado na Universidade de Brasília (UnB), em 1969.
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