LATA D'ÁGUA NA CABEÇA!!! ....CIDADE QUE NOS SEDUZ!!!
URBANISMO E EVOLUÇÃO DAS CIDADES
*RONALDO ALVES
Continuamos a assistir incrédulos a estagnação da Revisão do Plano Diretor da Cidade, completando agora mais um ano nas mãos da Comissão Especial da Câmara de Vereadores, retardando os avanços que podem ser possíveis com as emendas já inteiramente discutidas e apresentadas por alguns vereadores. Nessas condições a cidade perde cada vez mais as oportunidades de orientar as ações do Executivo e atender às prioridades que se impõem cada dia mais na vida dos cidadãos como prevê o Estatuto das Cidades.
Enquanto as discussões não são retomadas e as emendas votadas, vamos abordar hoje um assunto que a cada dia se torna mais crítico na cidade.
Trata-se do ABASTECIMENTO DE ÁGUA que atormenta a comunidade diariamente, motivando cada vez mais as manifestações de bairros defronte à Prefeitura, denunciando que alguma coisa está errada na produção e distribuição do precioso líquido.
É necessário lembrar que desde a criação da Cidade nos anos 40, a CSN foi a principal fornecedora de água, principalmente para a Vila Operária que foi por ela implantada. A Estação de Águas da CSN, atendia tanto a Usina quanto à cidade.
Do outro lado a parte urbana de Niterói, Aterrado e Retiro eram abastecidas pela adutora instalada na Granja Cascata, colhendo e tratando água do Córrego Santa Rita. Com a criação do SAAE-VR, este passou a operar a Estação.
Mais tarde, com a expansão dos bairros por toda a Cidade, a população aumentando de 80.000 para 150.000 habitantes, esses sistemas já não atendiam a contento a cidade. Foi quando em 1977, com Volta Redonda apresentando cerca de 170 mil habitantes, a Prefeitura iniciou a construção da ETA BELMONTE, com uma produção de 2 milhões de litros por dia, sendo inaugurada no início de 1979, com o slogan “ÁGUA ATÉ O ANO 2000”. Inclusive dispensando a contribuição da CSN que havia passado a cobrar do SAAE a água fornecida de sua Estação dentro da Usina.
Chegando os anos 2000, foi necessária a expansão da Estação do Belmonte pois a cidade já contava com cerca de 250.000 habitantes e o abastecimento já estava crítico.
Hoje, passados mais 20 anos, a cidade quase atingindo 280.000 habitantes, (ou já atingiu pois éramos 273.000 em 2020 segundo o IBGE), nada mais foi feito em termos de captação e adução, provocando sucessivas falhas de abastecimento, principalmente no verão, quando as temperaturas variam entre 32º e 38º, num calor que propicia um gasto maior de agua por parte da população.
A situação tem se mostrado grave em muitos bairros, principalmente 3 Poços, Água Limpa, Belvedere, Cidade Nova, Tiradentes, Casa de Pedra, Vila Rica, Vista Verde e o final de linha no Complexo Roma, mesmo com as elevatórias construídas para atender melhor aquele local.
São horas e horas de espera, às vezes dias, com o SAAE fazendo manobras de toda sorte para tentar normalizar o abastecimento. E o povo cantando aquelas músicas dos anos 40 e 50 do século passado: “ Lata d’água na cabeça, lá vai Maria...” ou ” ...Cidade... maravilhosa…cheia.... de encantos mil....De dia falta agua, de noite falta luz!!...” Mas, até quando?
Urge uma atitude eficaz, URGENTE, da Prefeitura, em vista disso: Construir uma nova Estação de Tratamento de água igual a ETA BELMONTE, de preferência do outro lado da cidade, ali pelo Volta Grande ou São Luiz.
Essa providencia é muito mais prioritária que novos viadutos em áreas não críticas que já dispões de alternativas funcionando. O abastecimento de água é fundamental e prioritário.
A Comunidade quer uma atitude rápida e eficaz da Prefeitura pois mesmo começando agora, a Estação vai levar ainda pelo menos um ano para ficar pronta e reforçar a distribuição por toda a cidade. Enfrentando ainda um novo verão.
Esperamos que na próxima semana a Câmara Municipal coloque em pauta a Revisão do Plano Diretor que já está comemorando 14 anos de sua edição de 2008. Excelente oportunidade para que os senhores vereadores tomem essa atitude histórica de fazer do Plano Diretor um instrumento mais eficaz ainda de ordenar as funções sociais da propriedade.
* Ronaldo Alves é arquiteto e urbanista
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