DISTRITO INDUSTRIAL DE VOLTA REDONDA – UMA PERDA
URBANISMO E EVOLUÇÃO DAS CIDADES
RONALDO ALVES*
Enquanto não voltam os trabalhos de Revisão do Plano Diretor ao final do recesso da Câmara Municipal, vamos relatar um propósito que ocorria nos anos 70 e 80 passados, que era o anseio de estabilidade e formação de um parque industrial de fornecedores do setor metalmecânico da Região, quando a Prefeitura possuía uma grande área desapropriada nos anos 50 da Fazenda 3 Poços, situada no atual bairro 3 Poços.
A Fazenda 3 Poços foi uma das inúmeras Fazendas da região que tiveram importância econômica destacada nos períodos da cana de açúcar, do milho e do Café, fazendo parte do Termo da Vila de São João do Príncipe, depois São João Marcos.
Possuía Casa Grande e senzala, um grande pasto de criação de gado, uma grande Moagem movida a água por pressão e uma sede bastante importante com inúmeros cômodos onde seus donos moravam e hospedavam convidados, comerciantes, mateiros e outros.
Até hoje se pode observar os vestígios dessa época nos prédios antigos muito bem mantidos, mesmo com a ocupação da fazenda, nos anos 70 e 80, pela Fundação Oswaldo Aranha – FOA e seus cursos superiores diversos, graças a doação feita pela Prefeitura então proprietária de toda a Fazenda.
A Fazenda era tão importante até como entreposto de escoamento da produção do café da Região mais próxima, merecendo ser contemplada com uma parada de trem da Ferrovia que levava ao Porto do Rio de Janeiro. A parada 3 Poços, cuja estação existiu até bem pouco tempo.
O olhar de futuro do ex-prefeito Sávio Gama levou – o a desapropriar as terras já ociosas da fazenda 3 Poços, com o objetivo de ali implantar uma área de ocupação industrial, devido a inexistência de área favorável no restante do Município. Isso ainda nos anos 50.
O Município de Piraí, ainda não separado de Pinheiral, tentou judicialmente revogar a desapropriação da Fazenda, alegando ser dona do território, fato não confirmado pela Justiça em face da Legislação de Limites fixar o Córrego 3 Poços situado após a sede da Fazenda, como limites entre os Municípios. A desapropriação se deu na área situada no território de Volta Redonda, incluindo a sede da Fazenda, em que pese que a Fazenda possuía uma pequena parte no território de Piraí.
Mas essa iniciativa da Prefeitura não teve continuidade por alguns prefeitos, permitindo uma série de invasões de posseiros nas áreas planas onde existiram pastos de gado, entre a área de morros e o Rio Paraíba. Os prefeitos se limitavam a coibir e reprimir as invasões sem apresentarem um projeto de ocupação planejada.
Isso até os anos 80, quando no governo do ex-prefeito Benevenuto dos Santos Neto, o IPPU apresentou um projeto elaborado minuciosamente para um DISTRITO INDUSTRIAL DE TRES POÇOS. Era uma proposta de lotes Industriais com cerca de 3 a 4 mil m2 cada, permitindo relocar algumas industrias da área urbana como foi o caso da Estanífera do Brasil que ainda se encontra por lá. Outra era a Fundição Voldac que pretendia sair da área urbana da Voldac, aliviando o movimento de cargas no Bairro.
A Fundição Voldac não conseguiu mudar a tempo de evitar a ocupação/invasão de posseiros, trabalhadores oriundos da redução da mão de obra das obras de expansão da Usina da CSN. Eram centenas de trabalhadores sem ter onde morar e sem recursos para pagar aluguel e não desejavam voltar para suas cidades de origem, a maioria de Minas Gerais.
Essa parte dará uma outra pagina de relato histórico e da evolução urbana do Município, inclusive com o nascimento da política de regularização fundiária, nascida aqui em Volta Redonda e copiada pelo Brasil afora, hoje uma política federal.
* Ronaldo Alves é arquiteto e urbanista
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