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DESLIZAMENTO DE TERRA, INUNDAÇÕES E PREJUÍZOS AFETAM MORADORES DE VOLTA REDONDA

Comunidades culpam empreendimentos imobiliários liberados pela SMMA e pelo governo municipal pelos transtornos

Fotos: Gazeta dos Bairros e Divulgação

O verão ainda nem chegou (inicia às 07h02min de 21 de dezembro) e a situação em alguns bairros da cidades já encontra-se insustentável, no que diz respeito aos prejuízos provocados pelos temporais com fortes chuvas característicos de estação. Em pelo menos dez bairros da cidade, a situação vem provocando temor e revolta, uma vez que dia após dias, ao longo de anos, nada vem sendo feito para pôr fim aos transtornos causados pela terra deslizada, lama, água pluvial e de retorno dos esgotos que, ao invadir as residências, ainda danificam móveis e eletrodomésticos, sem contar o risco às vidas dos que nelas vivem.

Nos bairros Retiro, Açude, Jardim Belmonte, Voldac, São João Batista, Santo Agostinho, Aterrado, Vila Santa Cecília, Siderópolis, São Luiz, Dom Bosco e São Sebastião as últimas fortes chuvas levaram transtorno e preocupação aos moradores. No bairro São João Batista, as terras reviradas no alto de um dos morros que cercam a localidade, para a construção de um loteamento, mudou o visual das ruas asfaltadas e nas portas das casas dos moradores.

Situação no Bairro São João Batista

O temor pela situação foi descrito pela aposentada Ozenir Aparecida, moradora do bairro São João Batista, e que teve a residência invadida pelas terras deslizadas de um empreendimento imobiliário acima da casa dela. "O secretário meio ambiente precisa cumprir com o compromisso dele, e ser responsável por essas liberações. Aqui não há espaço para construir casas, apartamentos. Já sabemos o que ira acontecer, com o aumento de redes de esgoto, aumento de falta d'água no bairro. Nós moradores precisamos lutar contra tudo isso que é fato real. Estão destruindo nosso bairro. Quem vendeu esse espaço nunca saberá respeitar pessoas", critica ela.

No bairro Santo Agostinho, mais precisamente na Rua Alfredo Moreira, ao lado do Viaduto Prefeito Dr. Nelson Gonçalves, quatro moradoras relataram os dias de desespero pelos quais estão vivendo. A comerciante Ana Paula Barboza, proprietária do Mercado Barboza, contabiliza os prejuízos com a perda de mercadorias da loja, com as sequentes inundações em razão dos alagamentos durante as chuvas.

- Já informamos à Defesa Civil, à Secretaria de Infraestrutura (SMI), aos assessores do prefeito, aos integrantes da Associação de Moradores, mas o que temos é isso aí, desespero e prejuízo -, criticou a comerciante.

Vizinha do mercado de Ana Paula, a idosa Maria das Dores de Souza Mello, 73 anos, que passou por cirurgias há poucos meses, afirma não ter mais condições de conviver com tal situação. "O prefeito e sua equipe de trabalho deveriam vir aqui para sentir de perto o nosso desespero. Quem sabe assim eles se sensibilizam e fazem algo por nós. Há mais de 20 anos estamos obrigados a conviver com essa situação", reclama a moradora.

Outra a criticar a forma como o assunto vem recebendo atenção por parte do Poder Público é a empresária Sandra Toledo, que afirmou morar há mais de 20 anos na localidade. Desde que eu cheguei aqui, presenciei apenas uma obra de saneamento e águas pluviais neste local. Mesmo assim, dissemos aos responsáveis pela obra que aquelas manilhas que estavam sendo colocadas, não seriam suficientes para a quantidade de água que se acumula nesta rua. Eles não nos levaram em consideração e, o que ocorre é que estamos inundados a cada chuva forte. Imagina quando chegarem as chuvas de verão?, questiona a moradora.

Também no bairro São Luiz, a situação não é nada diferente das vivenciadas pelos moradores dessas outras duas comunidade. Tanto lá, quanto no bairro Dom Bosco, as enxurradas e a lama tornaram-se comuns à paisagem diária das localidades. É o que garantiu a recepcionista Flávia Cunha, moradora no bairro São Luiz. "Uma pancada de chuva como estas duas últimas, por um período curto, causa um estrago tremendo aqui em nossa vizinhança. A água suja invade nossos quintais e casas, causando medo e prejuízos. Algo precisa ser feito. Do jeito que está é que não pode continuar", disse a mulher.

Já no bairro Jardim Belmonte, outro empreendimento imobiliário tem tirado o sono dos moradores da Rua Santo Antônio de Pádua (antiga rua P). É o que relatou a moradora Patrícia Alexsandra, afirmando ter feito seguidas reclamações junto aos órgãos municipal, apresentando os protocolos de atendimento. "Eles (SMMA) deveriam verificar corretamente o que pode acontecer caso permitam revirar essa terra do alto do morro. Tem moradores que há mais de 60 anos vivem neste local. Precisa de um estudo técnico, pois do jeito que está acontecendo, em breve teremos uma tragédia aqui, como já anunciamos. Quando a terra cair e soterrar os moradores, vão dizer que foi uma fatalidade em período de chuvas. Lembram-se do que aconteceu nos bairros Belvedere, Siderópolis, Casa de Pedra, São Geraldo e Vila Santa Cecília?, questiona a moradora, fazendo uma alusão ao estrago ocorrido pós um empreendimento imobiliário naquelas localidades.


Jardim Belmonte

Em postagens numa rede social, moradores dos bairros Açude, Retiro, Aterrado e Vila Santa Cecília se alternam exibindo fotos e vídeos produzidos nos últimos dias de chuvas fortes na cidade. Ruas alagadas, carros tomados por águas pluviais e casas inundadas são as mais comuns.


Bairro São Luiz

São Luiz (altura do antigo Borba Gato)

Bairro Açude

Após contato pelo e-mail da Assessoria de de Imprensa da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Volta Redonda, a reportagem da Gazeta dos Bairros não obteve retorno para os questionamentos, reclamações e solicitações dos moradores dessas comunidades. Tão logo nos seja retornado com as respostas ou possíveis soluções, atualizaremos o texto.

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