top of page

ATRASO NOS TRANSPORTES COLETIVOS EM VOLTA REDONDA – FALTA SISTEMA

URBANISMO E EVOLUÇÃO DAS CIDADES


*RONALDO ALVES


Enquanto não colocam em pauta os trabalhos de Revisão do Plano Diretor de Volta Redonda, ao reinício das sessões da Câmara Municipal, vou abordar aqui a conturbada questão do Transporte Coletivo Urbano de Volta Redonda, uma atividade cujo funcionamento está atrasado pelo menos a 40 anos.

A sociedade vive reclamando da irregularidade das linhas, do mal cumprimento de horários, da superlotação em horários de “pico”, enfim, de uma série de inconsistências fruto da desorganização que se observa em ambos os lados: tanto dos concessionários das linhas, quanto do poder público, ineficaz no controle e fiscalização.

Uma análise histórica do processo de evolução do atendimento do transporte coletivo revela que nesses últimos 40 anos apenas a criação de novas linhas que ligam os diferentes bairros, foi implantada. Mas todas ou quase todas essas linhas com trajetos que passam pelos centros urbanos, aumentando a sobreposição de linhas, gerando a superlotação e congestionamento nos horários mais movimentados.

Esse estado de coisas revela o total descaso para com a evolução do transporte coletivo no Brasil que tem em Curitiba o seu melhor exemplo de solução estrutural, revelando ser um SISTEMA e não um conglomerado de linhas como aqui.

Nos anos 80, quando exerci pela 2ª vez a função do Planejamento Urbano, no IPPU, desenvolvi um SISTEMA integrado para Volta Redonda, baseado no modelo CURITIBA, inclusive propondo a operação por meio de ônibus elétricos, tecnologia já em operação naquela cidade, administrada pelo Prefeito e meu ex professor na Universidade de Brasília, arq. Jaime Lerner.

O SISTEMA, chamado lá de. Estrutural, elegia eixos principais de circulação entre os Centros Urbanos e são alimentados por ALIMENTADORES que vem dos bairros.

No nosso modelo desenhado naquela época, previmos um anel expresso em torno da Usina da CSN, usando as avenidas Lucio Meira entre o elevado Castelo Branco e o Viaduto N.Sra das Graças e do outro lado a Av. beira Rio entre o mesmo Elevado e a ponte Pequitito Amorim, com as linhas expressas circulando nesse anel nos dois sentidos. Ao longo do trajeto seriam implantados terminais de conexão ou transbordo, para as linhas que vinham dos bairros. Essas linhas iam e voltavam dos bairros para o anel expresso.

Nesse sistema somente os ônibus tipo BRT circulavam nos centros urbanos, nesse formato de anel, em dois sentidos.

O Sistema utilizaria o Bilhete Único desde o alimentador vindo do seu bairro, passaria pelo anel expresso e depois para o bairro onde você queria ir, sempre usando o mesmo bilhete.

As estações de transbordo seriam plataformas de duplo sentido, permitindo embarque e desembarque ao nível do piso do ônibus.

Pois bem, esse projeto foi submetido à análise prévia da EBTU- Empresa Brasileira de Transportes Urbanos, à época um órgão federal que aprovava esses projetos e canalizaria recursos para implantação. Foi devidamente aprovado com louvor e autorizado seu detalhamento para dimensionar o custo final a ser custeado pelo governo Federal.

Infelizmente as sucessivas trocas de gestores na cidade relegaram esse projeto aos arquivos do IPPU, não sendo sequer aproveitado por nenhum governo após 1986, até a presente data, fazendo a cidade perder a cada dia mais eficiência do transporte Coletivo, merecendo essa pecha de 40 anos de atraso.

Esse projeto pode ser visto nos arquivos do IPPU VR e qualquer administrador poderia utiliza – lo como base de um projeto mais atual, dentro do mesmo princípio adotado àquela época.

Aliás, o modelo CURITIBA ainda persiste lá naquela cidade e já serviu de modelo para inúmeras cidades no Brasil e no MUNDO. Volta Redonda poderia ter sido a primeira a implantar tal SISTEMA. Preferiu continuar a ser O ATRASO.

Colocamos essa ideia nas emendas à Revisão ao nosso Plano Diretor.


Esperamos que, na próxima semana, esteja funcionando a Câmara Municipal, colocando em pauta a Revisão do Plano Diretor que já está comemorando 14 anos de sua edição de 2008. Excelente oportunidade para que os senhores vereadores tomem essa atitude histórica de fazer do Plano Diretor um instrumento mais eficaz ainda de ordenar as funções sociais da propriedade.


* Ronaldo Alves é arquiteto e urbanista

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
Anúncio Geleias.jpg

Postagens Recentes

® Copyright
bottom of page