SAÚDE DEFINE METAS PARA 2020 NOS 92 MUNICÍPIOS DO ESTADO DO RJ

“Vamos investir R$25 milhões por ano e ampliar as equipes do PET”, afirma secretário Edmar Santos

Foto: Maurício Basílio/Secom-GovRJ

O Portal RJ dá início, nesta segunda-feira (09/12), a uma série de entrevistas com os secretários estaduais sobre o balanço do primeiro ano de gestão e as metas para 2020. O primeiro a ser entrevistado é o secretário de Saúde, Edmar Santos. Confira.

Qual foi o cenário encontrado quando assumiu a secretaria?

Edmar Santos: A crise financeira do estado, agravada nos últimos anos, impactou a Saúde, com falta de recursos e de gestão. Nosso primeiro contato foi durante a transição. A partir daí, fizemos um diagnóstico preciso e um choque de gestão.

Havia um grande subfinanciamento, degradação das unidades e uma dificuldade logística na própria secretaria. Um grande problema dos hospitais era a falta de aparelhos de ar condicionado, que foi uma de nossas prioridades. Outra questão era desconfiança dos fornecedores que eram pagos, levando à falta de medicamentos. Repasses para unidades municipais e o fomento de políticas públicas não estavam em dia, afetando todo o sistema de saúde.

Quais foram as principais ações nesse primeiro ano?

ES: Atuamos em duas frentes: a rede estadual de saúde e o apoio à rede municipal. Em parceria com as prefeituras, aumentamos os investimentos para apoiar a saúde dos municípios e melhorar a qualidade de atendimento por meio de uma nova política de cofinanciamento.

De janeiro a novembro de 2019, mais de R$ 530 milhões foram destinados às 92 cidades fluminenses, superando a meta inicial, que era R$ 500 milhões. Os investimentos são para Vigilância em Saúde, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Unidade de Pronto Atendimento (UPA), hospitais, Atenção Primária em Saúde, Saúde Mental, medicamentos, exames e cirurgias. Também iniciamos a regionalização para que o paciente receba atendimento perto de casa. Com o PlanificaSUS capacitamos profissionais municipais para um novo modelo de gestão da saúde básica e para acompanhamento dos pacientes de forma contínua e integral. Também entregamos 66 ambulâncias aos municípios.

Em nossa rede, investimos na melhoria das unidades e na humanização do atendimento, o que vem impactando positivamente a saúde pública. Adquirimos 650 novos aparelhos de ar condicionado, consertamos os quebrados e colocamos a manutenção em dia, trabalhando para melhorar o ambiente das unidades. Criamos uma ação para aprimorar o atendimento às crianças internadas em nossas unidades em parceria com o Corpo de Bombeiros. Na Campanha “Um dia de Herói”, nossos pequenos pacientes receberam das mãos de bombeiros aventais hospitalares personalizados com a estampa do uniforme da corporação e brinquedos.

Inauguramos uma nova Ala Pediátrica no Hemorio, com oito leitos exclusivos em um espaço totalmente adaptado para tratamento de doenças hematológicas primárias como: leucemias agudas, linfomas, anemia aplástica e doença falciforme. Inauguramos uma nova sala na emergência do Hospital Estadual Azevedo Lima (HEAL) com sete leitos e com modelo semelhante ao utilizado em modernos centros de trauma dos Estados Unidos, que inclui a integração de todo o sistema de atendimento, desde o momento do resgate do paciente até o atendimento na unidade, com contato prévio entre a equipe de resgate e o hospital.

Criamos o Centro de Atendimento ao Adolescente e à Criança Vítima de Violência (CAACs), no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes (HEAPN), em Duque de Caxias. O segundo será inaugurado em breve no Hospital Estadual Alberto Torres (HEAT), em São Gonçalo.

Outro foco é o Programa Estadual de Transplantes (PET), que alcançou o recorde de 81 órgãos captados em um único mês. Capacitamos profissionais que atuam no programa e dobramos taxa de aceitação das famílias sobre a doação de órgãos: é o sim que salva vidas.

Reduzimos o tempo de início para tratar o câncer de mama e realizar diversos exames. Em 2018, para 56% dos casos diagnosticados de câncer de mama o tratamento demorou mais de 60 dias ser iniciado. Agora, esse percentual caiu para 18%, segundo dados do Painel-Oncologia do Ministério da Saúde/Inca.

Além das inaugurações, fortalecemos a atenção básica dos municípios e ações de regionalização, a SES levou serviços e projetos de saúde para perto da população, como as iniciativas Roda Hans e o Saúde de Bamba.

Quais são os principais desafios?

ES: Esse foi um ano de arrumar a casa. Agora, vamos seguir com o processo de regionalização e cofinanciamento para os municípios para virar de vez o jogo na saúde. Temos um compromisso de entregar o melhor atendimento em saúde e quero que as pessoas consigam ver essas mudanças quando entram em um hospital, quando realizam um exame ou buscam um medicamento. Nosso desafio é mostrar como é possível melhorar o dia a dia daquele paciente com uma boa gestão.

Quais as prioridades?

ES: O Programa Estadual de Transplantes é uma prioridade. Temos a meta de sair do 10º para o 4º lugar na captação de órgãos para doação no país. Para isso, anunciamos o investimento de R$ 25 milhões por ano para o programa, que será utilizado na ampliação e profissionalização de equipes, com destaque para a Organização de Procura de Órgãos (OPO). As OPOs serão implantadas em cinco cidades, para apoio operacional ao processo de doação de órgãos, dedicando profissionais em tempo integral, aparato logístico com transportes e meios de comunicação eficientes para tornar mais ágil a captação do órgão até o transplante.

Vamos reformular as UPAs substituindo a estrutura de contêiner por alvenaria e entregar um aparelho permanente, com dois andares: um andar com atendimento como conhecemos hoje e outro com Centro de Diagnóstico de Câncer ou consultórios ambulatoriais especializados, dependendo da necessidade de cada região.

Retomamos as obras do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, com previsão da inauguração da expansão no primeiro semestre de 2020. Serão 59 novos leitos pediátricos e adultos, incluindo leitos de CTI, além de áreas para fisioterapia especializada, pesquisas, nova recepção, brinquedoteca e sala dos pais. Outra unidade onde avançamos para retomar as obras é o Hospital do Câncer, em Nova Friburgo, que será referência em tratamento cardiovascular. Também temos planos para um hospital de trauma na Rodovia Presidente Dutra.

Nosso foco para 2020 será o atendimento, mas também a prevenção. Vamos realizar eventos, campanhas e parcerias para estimular uma vida saudável com medidas simples de Promoção da Saúde. Além disso, temos os esforços contínuos, em parceria com a população, para prevenirmos doenças como a zika, dengue e chikungunya, e o reforço de vacinação para diversas doenças que, infelizmente, estão ressurgindo em todo o mundo. Esse é um trabalho que nunca pode parar e seguiremos fortes com campanhas de conscientização.

Educação é fundamental, por isso, seguiremos investindo na formação de novos profissionais para o SUS e na capacitação das equipes que já atuam. Isso será feito por meio de programas de residência e estágio, oficinas de treinamento e capacitação, educação permanente e, principalmente, a criação da Escola de Saúde do Estado, com o objetivo de promover a educação e a formação em saúde no estado, com previsão de inauguração no primeiro semestre de 2020.

Como investir e executar ações e programas durante a recuperação fiscal?

Todas as ações fazem parte da crença de que podemos virar o jogo na Saúde com uma boa gestão. Transparente, com auditorias e fiscalizações para não permitir nenhum desvio ou mau uso de recurso público, trabalhando em conjunto com a Procuradoria Geral do Estado, a Controladoria Geral do Estado e o Tribunal de Contas do Estado. Uma gestão que preza pelo bom relacionamento, investindo em parcerias técnicas e de credibilidade, que trabalha junto com outras secretarias e prefeituras, na busca de atender bem a nossa população e lhe dar a saúde que merece.

Mais importante do que os números, é seguirmos a definição de saúde preconizada pela Organização Mundial da Saúde: um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não só a ausência de doenças.