AUTISMO CONTINUA EM DEBATE APÓS AUDIÊNCIA NO LEGISLATIVO
Evento aconteceu na semana passada, no plenário da Câmara Municipal de Volta Redonda
Foto: Divulgação
Emoção e boas notícias continuam sendo objeto de debates entre profissionais de saúde e entidades, após a audiência pública realizada pelo vereador Washington Uchôa (Republicanos) no último dia 4 de setembro. Os debates tiveram como tema principal “Os direitos da pessoa com transtorno do espectro autista”, e o evento contou com a presença de autoridades, familiares e grupos ligados ao autismo para abordarem o assunto.
Também estiveram debatendo sobre o tema, além de Washington Uchôa; Elizabeth Melo, integrante da diretoria executiva da Associação de Pais de Autistas e Deficientes Mentais de Volta Redonda (Apadem-VR) e presidente do Conselho Municipal de Defesa de Direitos da Pessoa com Deficiência (Compede); Renata Quintas Sinigalha Lopes, subsecretária da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Idosos e Direitos Humanos (SPMIDH); Alfredo Peixoto, Secretário Municipal de Saúde; a juíza do 16º Juizado Especial Cível de Jacarepaguá, Keyla Blank; a secretária municipal de Educação, Rita de Cássia Oliveira de Andrade; Cláudia Coelho de Moraes, pedagoga, especialista em ensino estruturado para autistas, mestranda em Educação e coordenadora do Instituto Ninho; Renata Lopes, diretora da Escola Municipal Professora Dayse Mansur da Costa Lima e Lúcia Cruz, diretora do Sítio Escola Municipal Espaço de Integração do Autista (Semeia).
O vereador ressaltou, durante a audiência, sobre a importância de ter em um único lugar tantas pessoas envolvidas em um único assunto buscando encontrar soluções e novos projetos para melhorar a qualidade de vida dos autistas e familiares de Volta Redonda.
- Fiz questão de colocar no telão a frase ‘Amar ao Próximo’, pois é disso que o ser humano anda precisando, amor e empatia. Olhar o outro com carinho e tentar se colocar no lugar das outras pessoas. Espero que desta audiência saiam boas ideias – disse o vereador que programou um modelo diferente de audiência pública, onde o público usou o microfone para fazer as perguntas antes mesmo de os componentes da mesa usarem a palavra. “Essa noite é para que a população esclareça suas dúvidas, e não há momento melhor para isso”, salientou o vereador.
O secretário municipal de Saúde, Alfredo Peixoto, aproveitou a noite para dar uma ótima notícia. Citando a lei federal 12.764 de 27/12/2012, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, onde diz que a pessoa com TEA é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais, ele disse que irá incluir o símbolo autista nas placas de atendimento prioritário nas secretarias e autarquias da prefeitura.
- Vamos servir de exemplo para a sociedade e fazer valer a lei. Vamos fazer uma campanha para que toda a cidade inclua o símbolo autista nas placas de atendimento prioritário – disse.
Segundo Alfredo, sua vontade é que ainda neste governo consiga criar um centro especializado de referência para atendimento aos autistas.
- Não é uma promessa e sim uma vontade muito grande – disse, emocionado.
Entre os principais questionamentos da população estavam os assuntos referentes à saúde e educação. Uma das mães presentes aproveitou para sugerir que as secretarias se unam, criando um canal direto entre ambas para facilitar o diagnóstico do TEA.
PROPOSTAS - Cláudia Coelho de Moraes, do grupo Autismo Sul Fluminense, criado em 2018 para realizar debates abertos sobre questões referentes ao autismo e com o objetivo de oferecer apoio aos familiares e autistas, citou a importância de se implantar um Centro de Atendimento Integral para pessoas com TEA para atender crianças, adolescentes e adultos, oferecendo atendimento multidisciplinar.
- É importante ainda termos uma educação inclusiva de qualidade, com a pessoa com autismo sendo incluída nas classes comuns de ensino regular, com direito a acompanhante especializado, nos casos de comprovada necessidade. Temos leis municipais importantes também (4.833/ 4.922/4.770) que precisam ser olhadas com carinho e cumpridas – falou.
De acordo com Elizabeth Melo, integrante da diretoria executiva da Apadem, Volta Redonda é grandiosa no atendimento ao autista.
- Os pais se preparam no dia a dia, assim como os professores. É muito importante a participação das famílias nas escolas – disse Beth, parabenizando a Saúde pelo CER III (Centro Especializado em Reabilitação), que atende cerca de seis mil pacientes por mês com deficiência física, visual ou intelectual como crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista até os 14 anos.
Usando a palavra Dra Keyla Blank disse não falar como juíza, mas sim como mãe do Artur, de 15 anos, autista.
- É preciso reconstruir, quebrar paradigmas. Mudei para Volta Redonda exatamente pela estrutura que a cidade oferece. A Escola Municipal Professora Dayse Mansur da Costa Lima e o Semeia (Sitio Escola Municipal Espaço de Integração do Autista) são excepcionais no trabalho que realizam. Já passei por muitas situações constrangedoras e já tive muitos “nãos” de escolas, inclusive, particulares. Mas, aqui em Volta Redonda encontrei o que o meu filho precisava – contou.
Antes de encerrar a audiência, Alfredo Peixoto disse que irá se reunir com a secretária de Educação e a Smel (Secretaria Municipal de Esporte e Lazer) para tratar sobre atividades específicas para os autistas.
- Vamos lutar para fazer de tudo para ver os direitos dos autistas sendo colocados em prática. Contem comigo e com meu apoio – finalizou o vereador, que é relator da Comissão Permanente de Defesa dos Direitos das Pessoas com Necessidades Especiais e do Idoso na Câmara Municipal.