COMÉRCIO SOFRE COM PREJUÍZOS EM RAZÃO DE ACIDENTE COM VAGÕES
Advogado explica que comerciantes podem pleitear na justiça ressarcimentos indenizatórios
Os comerciantes do centro comercial do bairro Vila Americana, com lojas na Avenida Argentina, entre as ruas paralelas Alasca e Nicarágua, estão contabilizando prejuízos com a queda nas vendas em apenas um dia e meio, após o descarrilamento de vagões com escória de ferro gusa, transportados da Usina Presidente Vargas (UPV) da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). O acidente ocorreu no meio da tarde de sexta-feira (28/09), e foi necessário interditar o trecho onde derramou a escória, quando um dos vagões derrubou o muro que divide a linha férrea e a Avenida Argentina.
Na manhã deste sábado (29/09), a CSN direcionou uma equipe de técnicos, guindastes e caminhões para resgatar os vagões que caíram na avenida, provocando a interdição total do acesso de veículos dos clientes, o que alterou consideravelmente o fluxo de clientes das lojas comerciais. Até mesmo os ônibus das linhas 240 (Vila Americana/Conforto) e 255 (Caviana/Vila Americana-Fórum) tiveram os itinerários alterados.
A gerente geral e sócia do supermercado 'Da Conquista', Alba Valéria Baylão, que ainda se dizia assustada em razão do ocorrido na tarde de sexta-feira, não sabia o que fazer para minimizar os prejuízos. "Desde o acidente, nossa rotina de clientes foi alterada. Em plena sexta-feira, véspera de um fim de semana, temos uma rotina de vendas. Essa tranquilidade foi quebrada, uma vez que nossos clientes não podem estacionar seus carros em frente à loja, para comprar seus produtos. E neste sábado, estou prevendo mais prejuízos ainda", disse a comerciante.
Alba Valéria disse ainda que, em razão de ser período de pagamento de aposentados, pensionistas, bem como de outros trabalhadores, "muita gente está procurando locais com maior facilidade de acesso".
- Estamos passando por um caos, e ninguém vem aqui nos dizer nada sobre o caso e muito menos quando voltaremos à normalidade. Somente os clientes que moram por perto e não vêm de carro é que estão nos procurando - reclamou Alba.
Na Avenida Argentina, nas imediações onde ocorreu o acidente, existem dois supermercados, uma padaria, três açougues, uma loja de materiais de construção, um salão de corte de cabelo e barba, uma loja de roupas, um loja de calçados e dois restaurantes. Todos os comerciantes acompanham os trabalhos de retirada dos vagões, com a ansiedade de que os prejuízos cessem ao mais rápido possível.
Consultado pela reportagem da GAZETA DOS BAIRROS, o advogado e vereador Rodrigo Furtado (PTC), explicou que os comerciantes que se sentirem prejudicados em razão do acidente, podem pleitear na justiça ressarcimentos indenizatórios.
- Trata-se de uma reclamação por lucros cessantes, ou seja, tudo o que eles deixaram de auferir (obter) em razão do acidente - contou Furtado.
Ele acrescenta ainda que é necessário comprovação documental por parte dos possíveis reclamantes. "É preciso que os comerciantes que assim desejaram fazer, apresentem documentos que comprovem os parâmetros das vendas ocorridas anteriormente, e no mesmo período dos meses anteriores. E, na minha avaliação, estas ações devem ser apresentadas à Justiça de maneira individual, uma vez que os lucros e perdas são distintos", afirmou o advogado Rodrigo Furtado, citando que a legislação prevista incorre em "Responsabilidade Civil, nos artigos 186 e 927 do Código Civil".
O presidente da Associação de Moradores e Amigos da Vila Americana (AMAVILA), Júlio Gil da Cunha, se disse preocupado com as consequências futuras deste acidente. Na avaliação do líder comunitário, "há uma necessidade urgente de se pensar numa medida protetiva aos moradores e visitantes do bairro que se utilizam da principal via de aceso do bairro".
- Por obra e graça de Deus não havia ninguém passando naquele momento, e nenhum veículo ou ônibus circulando na Avenida Argentina, o que é muito comum. É preciso que as autoridades municipais e da empresa repensem aquela situação. Imaginem qual tragédia não seria - avaliou Júlio Gil.
Ele explicou ainda que o tráfego do transporte público e de particulares está alterado desde a última sexta-feira, com a interdição do trecho onde aconteceu o descarrilamento. A partir do final da tarde de sexta-feira, os veículos que estiverem seguindo em direção ao bairros Santo Agostinho, Volta Grande, e buscar acesso à Rodovia Lúcio Meira (BR-393) são obrigado a acessar a Rua Alasca, virar á direita na Rua Cuba e retornar à Rua Cruzeiro do Sul, retornando assim ao acesso à Avenida Argentina.
Já os ônibus das linhas 240 e 255 estão acessando a Rua México, seguindo pela Rua Canadá, para ter acesso à Avenida Guanayr Horst (Beira Rio), e seguir com destino ao ponto final, na Rua Estados Unidos. O caminho de volta, com destino ao Aterrado, é feito no sentido inverso da Avenida Guanayr Horst, seguindo pela Rua Canadá, e retornando ao itinerário normal pela Avenida Argentina.